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“As emoções são o elefante e a razão (mente) é o condutor do elefante. O animal obedecerá ao piloto, mas apenas enquanto estiver disposto à fazê-lo. Quando os dois estão de acordo, tudo transcorre bem, mas quando divergem, o elefante sempre ganha porque ele é o mais forte e mais resistente.” (Jonathan Haidt)

Ou seja, não conseguimos fugir das emoções, nem as controlar (como a maioria das pessoas acha que consegue), o que conseguimos é apenas fazer a gestão delas e equilibrá-las. Portanto, emoção não se controla, se equilibra!

Mas para equilibrar é preciso olhar para elas, sentir elas. Se você colocar dois objetos, um em cada mão, mas um desses objetos é mais pesado do que o outro, você terá que olhar para os objetos, sentir o peso de cada um em suas mãos e fazer mais força numa mão do que em outra para deixar os objetos lado a lado, segurando os dois na mesma altura, certo?

 

Pois é, mas muitas pessoas querem equilibrar as emoções sem pegar elas, olhar para elas e sentir elas. Elas seguram as emoções dentro de si com aquele pensamento: “Só vou deixar sair a emoções boas, alegres”, mas o que elas não sabem, é que uma vez que você bloqueia alguma emoção, bloqueia todo o sistema operacional emocional (inclusive as emoções boas) e, com o tempo a pessoa vai se sentindo desmotivada, apática, podendo chegar a desenvolver a alexitimia (dificuldade de se expressar ou ausência de sentimento).

 

COMO SABOTAMOS NOSSAS EMOÇÕES NO DIA A DIA E NEM PERCEBEMOS?

Bebendo, fumando, rolês infinitos (intermináveis), esportes radicais: Quando fazemos esse tipo de escolha, é porque queremos ter somente emoções prazerosas e ainda, de maneira rápida e instantânea, muitas vezes para se livrar de emoções desconfortáveis das quais não queremos mais sentir. Ex.: "Nossa, essa semana está puxada, não vejo a hora de chegar o fim de semana para extravasar"

Não querendo ficar ou fazer atividades sozinho / emendando um relacionamento no outro, mesmo que esses não sejam saudáveis: Ficar em sua própria companhia é um ato de coragem e maturidade, pois quando estamos apenas conosco, nosso corpo, emoções e nossa mente começam a conversar e nos mostrar como estamos verdadeiramente (quem somos, nossas angústias, desejos reprimidos, nossas sombras que não queremos ver).

Procrastinando: Empurrando com a barriga tarefas importantes que sabemos que irão melhorar nossa vida, mas que existirá alguns desconfortos emocionais quando fizermos essa tarefa. Obs.: Desconfortos emocionais aparecem com algo que não temos muita paciência, ou uma decisão que precisamos tomar mas isso poderá chatear alguém, ou abrir mão de algo que temos ganhos secundários mas sabemos que aquilo não nos faz feliz, etc.)

Vitimizando-se: Sempre achando que a culpa de estarmos sentindo isso ou aquilo é por causa de alguém ou de alguma situação. Ex.: "Você sempre faz eu me sentir assim!" / "Eu tô desse jeito porque meu trabalho não me ajuda!"

Assistindo Tv por horas: Fazemos isso para nos anestesiar! Ou seja, quando focamos num mundo paralelo, que não existe, mas naquele momento da TV, sim, esquecemos temporariamente as dores e insatisfações da nossa própria vida. Ex.: filmes, séries, jornal, novelas, standup comedy.

Trabalhando sem parar: "Ocupar a cabeça com aquilo que você controla". Focar no trabalho pode ser mais confortável pois, normalmente, são situações que costumamos ter uma sensação de mais controle porque as coisas parecem ser mais objetivas do que as nossas emoções. Porém as emoções continuarão existindo dentro de nós, mesmo enquanto mantemos a "cabeça ocupada com aquilo que achamos que controlamos".

Navegando nas redes sociais: É mais fácil nos concentrarmos no que está acontecendo na vida dos outros, porque na minha vida está desconfortável no momento. Ou seja, existem situações e emoções em minha vida que não sei bem ao certo quais são mas que me desestabilizam emocionalmente e eu prefiro não olhar para isso escolhendo ir para as redes sociais.

Nos dando desculpas e mil e uma justificativas: Não tenho tempo para me 'dar o luxo' de parar e ficar sentindo as emoções. / Trabalho em primeiro lugar, depois o lazer e descanso. / Emoções nos deixam desequilibrados no dia a dia, sem constância, e com baixa produtividade. / Ter metas claras e objetivas é o que nos leva ao sucesso, com emoções não dá para ter metas. / Eu fiz isso porque não tive opção. / Não deu para fazer porque fulano me ocupou o dia todo.

 

A única coisa que nos diferencia de uma máquina (robô) são as emoções. São através delas que conseguimos intuir as coisas (perceber pelas sensações). Essa é a única coisa que faz com que não sejamos substituídos por uma máquina qualquer. Por isso quem consegue gerir bem suas emoções sai na frente e se destaca no mercado de trabalho.

 

 

 

 

 

COMO ACEITAR, SENTIR E EQUILIBRAR AS EMOÇÕES?

Aceitar:

Você não é, você está! Você não é ansioso, procrastinador, perfeccionista, bipolar ou organizado, disciplinado, comprometido...você apenas está se comportando assim nesse momento. A única certeza que temos na vida é a impermanência, nada é para sempre, tudo é transitório, assim com nossas emoções.

Aceitar isso nos coloca na realidade tal como ela é: somos seres mutáveis, inconstantes e em constante transformação (ou pelo menos deveríamos estar...hehehe) – isso é a vida acontecendo em nós. A vida é igual a máquina que mede os batimentos cardíacos (linhas altas e baixas o tempo todo). Quando tudo ficar estável em linha reta, é porque morremos. Pensar assim nos ajudará a aceitar mais nossas emoções porque nenhuma dor (uma emoção considerada ruim) ficará para sempre.

As emoções são o nosso termômetro – medem a temperatura de como as coisas estão dentro de nós naquele momento: algo que estamos negligenciando em nós mesmos ou em nossa vida e aí a emoção desagradável aparece como um alerta, como se fosse a febre que sentimos quando estamos doentes – a febre aparece para dizer que algo não está bem, não existe uma doença chamada febre, ela é apenas um termômetro de algo maior que está acontecendo. Já quando surgem as emoções agradáveis vem para nos dizer que algo nos realiza, nos faz feliz, sendo o indicativo que o caminho é por ali.

Portanto, faça as pazes com suas emoções, aceite-as e respeite o momento que você está. ESTEJA E NÃO SEJA!

 

Sentir:

Queira sentir! Deseje sentir! Não deixe sua mente tomar conta da situação e te controlar. Dentro de nós existem dois sistemas operacionais diferentes que não funcionam ao mesmo tempo: o mental e o emocional. Na prática parece que funcionam ao mesmo tempo, mas quando um está ativo, o outro não está. Eles trocam de um para o outro em milésimos de segundos que nem percebemos.

Perceba que quando você começa sentir alguma coisa, a mente vem e fala: “Aqui não é lugar para chorar, não posso mostrar fraqueza agora, o que vão pensar de mim?”. Nossa própria mente nos julga, julga nossas emoções o tempo todo, ela faz isso para tentar retomar o controle que ela tem sobre você, sobre sua essência. A mente tem um funcionamento próprio só dela, ou seja, ela tem vida própria, boa parte dos pensamentos que você tem não são necessariamente da sua essência, mas da sua mente que cria pensamentos para te manter no controle dela, porque ela sabe que quando o sistema emocional resolve se manifestar ela sempre irá perder. Por isso se permitir sentir as emoções são só para os fortes que não vão se importar com os julgamentos da própria mente nem da mente dos outros.

 

Equilibrar:

Voltamos ao elefante! Como equilibrar, então, essa briga entre elefante e razão?

  • Fale direto com o piloto do elefante (razão), ou seja, fale com sua mente: mostre para ele o sentido da mudança que você deseja fazer, convença-o.
  • Motive o elefante (emoção): o condutor não consegue opor-se ao animal por muito tempo, então coloque o seu lado emocional para trabalhar a favor da mudança.

Obs.: Quem irá fazer essas duas coisas (falar e motivar) é você (o piloto – sua essência, sua alma). Aqui fica claro que existem três sistemas operacionais diferentes que precisam estar integrados.

Mais algumas dicas de como equilibrar as emoções:

  • Pergunte-se várias vezes ao dia: o que estou sentido agora? Isso faz eu sentir qual emoção? O que estou fazendo, faz sentido (faz eu sentir)? – assim você ira ativando mais o seu sistema emocional a se manifestar na hora que você deseja e assim ele não terá mais aqueles ‘surtos’ de se manifestar quando o ‘copinho’ já encheu, porque você estará sempre dando espaço para esse sistema e manifestar.
  • Pare de se julgar! Quando senti algo, não pergunte ‘por quê’ está sentindo isso ou aquilo, pois isso ativa seu sistema operacional mental e, automaticamente cessa o emocional. Lembre-se: emoção se sente e não se pensa!
  • Respeite o que está sentindo! Não importa se o que está vindo são emoções agradáveis ou desagradáveis, só as aceite e acolha-as igual você faria com alguém que chegasse para você chorando por algo triste que aconteceu, tenho certeza que você não iria dizer para a pessoa engolir o choro, parar de chorar e sair de perto dela, não é mesmo?! Então, também não há necessidade de ser tão frio e rude consigo mesmo.
  • Fale sobre suas emoções! Dizem que mulheres tem mais facilidade de falar sobre elas, mas homens também tem, eles só ainda não desenvolveram esse hábito. Mas quando desenvolvem ficam tão bons, ou até melhores do que as mulheres, porque a forma de pensar masculina costuma ser mais clara e objetiva para as coisas. Quando verbalizamos a emoção que estamos sentindo, muda tudo, pois damos a chance da emoção se manifestar mais, estamos dizendo para elas o quanto elas são importantes para nós. E existe ainda mais um ganho nisso tudo: falar suas emoções ajuda numa comunicação mais transparente e isso melhora as relações.

 

Pâmella Streb

Psicóloga e Organizadora de Vida